Muitas pessoas já ouviram falar em mordida cruzada, mas não conhecem as possíveis consequências desta condição para a saúde bucal. O problema é caracterizado por uma inversão do encaixe da mordida - ou seja, os dentes da arcada dentária superior acabam ficando por “dentro” dos dentes da arcada inferior. Além do incômodo estético, pacientes que apresentam a mordida cruzada podem manifestar outros desconfortos, como dores de cabeça e no maxilar, alterações no padrão de deglutição e mais. Por isso, o ideal é identificar o transtorno o quanto antes para dar início ao tratamento adequado e prevenir complicações maiores. 

Em entrevista ao Sorrisologia, a cirurgiã-dentista Uila Ramos da Silva explica quais as consequências da mordida cruzada e aponta as principais formas de tratar a condição. Confira!

O que é mordida cruzada?
A mordida cruzada é uma má oclusão em que há a inversão no encaixe do sorriso. Ela pode ser de natureza dentária, esquelética ou funcional. De acordo com a Dra. Uila, isto pode ocorrer tanto na região anterior da arcada dentária quanto na região posterior. “Na mordida cruzada anterior, que pode envolver um único dente ou os dentes anteriores superiores, os dentes superiores ficam situados atrás dos dentes anteriores inferiores, o que configura um trespasse horizontal negativo”, esclarece a especialista. “Já na mordida cruzada posterior, acontece uma relação errônea no sentido vestíbulo-lingual de um ou mais dentes posteriores (dentes superiores ficam situados atrás dos inferiores), podendo ser uni ou bilateral”, ressalta. 

Para identificar o problema e saber quais são os sintomas da mordida cruzada, é importante passar por uma avaliação odontológica individualizada. Segundo a profissional, “com a observação da mordida, é possível notar se algum dente ou grupo de dentes está ocluindo de forma inadequada, no sentido contrário dos superiores em relação aos inferiores”. Uma vez confirmada a mordida cruzada, será possível determinar o tratamento apropriado. 

Mordida cruzada: o que pode causar o problema?
Não existe apenas uma causa definida para a mordida cruzada. “Sua etiologia pode envolver fatores genéticos, respiração bucal, hábitos de sucção não nutritiva, hábitos parafuncionais, como morder objetos, interposição lingual, erros na trajetória de erupção dental (mordida cruzada dentária), desarmonia no crescimento ósseo (mordida cruzada esquelética) e, no caso de mordida cruzada funcional, desvio da mandíbula durante a movimentação (para o lado cruzado)”, explica a Dra. Uila. 

Mordida cruzada: sintomas vão além do desconforto estético. Entenda!
Os incômodos associados à mordida cruzada não estão restritos ao desconforto estético que aflige diversos pacientes. Além de uma possível assimetria facial, a condição pode trazer consequências incômodas e até mesmo dolorosas para a saúde bucal. Entre elas, a Dra. Uila cita as seguintes: “alteração no padrão de deglutição, disfunções no sistema estomatognático, como fadiga muscular, dor nas articulações temporomandibulares (ATM), dor de cabeça, restrições nos movimentos mandibulares e desvios oclusais”. 

Mordida cruzada: tratamento é fundamental para prevenir possíveis complicações na saúde bucal
Tendo em vista todos os possíveis problemas bucais relacionados à mordida cruzada, é seguro afirmar que a condição deve ser tratada o quanto antes. “Quanto mais cedo a mordida cruzada for corrigida, melhores serão a qualidade do crescimento ósseo, muscular e articular e o desempenho das funções do sistema estomatognático (mastigação, fala, deglutição, respiração e sucção)”, aconselha a cirurgiã-dentista. 

“A essência do tratamento consiste em remover a causa, promover a expansão da arcada superior (com correção no sentido transversal, no caso de mordida cruzada posterior) e descruzar a mordida na região anterior (tracionamento reverso da maxila). Em pacientes que já completaram a maturidade esquelética, para determinadas situações clínicas, existe a possibilidade de necessitar de tratamento com cirurgia ortognática associada ao tratamento ortodôntico para corrigir os erros causados pela discrepância esquelética”, alerta a especialista. 

Fonte: Sorrisologia